I - Nome do autor - Nada se sabe a
respeito da pessoa de Malaquias, fora do livro que leva o seu nome.
Como ele foi o último profeta do Velho Testamento, a priori seria de
esperar que fosse bem conhecido dos organizadores do Cânon. O fato, sem
dúvida, de que o seu nome não é mencionado em outra parte do Velho
Testamento, traz dúvidas a alguns estudiosos se Malaquias foi o nome
pessoal do profeta. Contudo, a partir de Áquila, Simaco e Teodociano,
no século 2 d.C., “Malaquias” tem sido geralmente considerado como um
nome próprio. Nenhum dos outros profetas do Velho Testamento é anônimo.
Seu nome significa “meu
mensageiro” e corresponde exatamente na forma à expressão “meu
mensageiro” em Ml 3:1, comparando-se com Ml 2:7. A partir de um ponto de
vista lingüístico, “Malakhi” pode ser razoavelmente considerado como
uma abreviação de “Malakhiyah”, cujo significado é “mensageiro de Javé”
(Ageu 1:13). Contudo, o nome “Malaquias” pode ter sido apenas um título
ou um nome de guerra adotado pelo profeta, em vez do seu nome de
nascimento, como se supõe, sendo apenas o nome de sua vocação ao ofício
profético. Porque ele, mais do que outro profeta, deve ter sido um herói
espiritual para atacar o sacerdócio como o fez. A significação do seu
nome é, portanto, expressiva.
O título do seu livro é
sugestivo. A frase com que é iniciado “Peso da palavra do Senhor” também
se encontra em Zacarias 9:1 e 12:1 e em nenhuma outra parte, nesta
exata forma, em todo do Velho Testamento. Por isso presume-se que seja
enfático, mesmo que se trate da obra de um editor. A Septuaginta agrega
“pela mão do seu mensageiro” e o Targum de Jonatan “pela mão do meu
anjo”. Jerônimo também designa o livro como sendo de Esdras. Certas
tradições o atribuem a Zorobabel e Neemias. Outros, todavia, a
Malaquias, a quem designam como tendo sido um levita e um membro da
Grande Sinagoga.
Talvez por causa disso a melhor
significação do nome “Malaquias” seja tomá-lo como um adjetivo
equivalente à palavra “Angelicus”, cujo significado é “encarregado de
uma missão ou mensagem, portanto um missionário (Comparar o nome Ageu
que significa “Festo”). O nome resulta, assim, num título apropriado a
alguém, cuja mensagem encerra, por assim dizer, o Cânon profético do
Velho Testamento. Finalmente, a identidade do autor não é essencial para
a autenticidade de sua mensagem. Em todo o caso, o escritor possuía
uma personalidade forte e vigorosa.
II - O período do profeta - O
livro guarda silêncio quanto à data de sua composição. Existem várias
opiniões (assinalando-se a de Winckler, exatamente o período anterior ao
surgimento dos Macabeus), porém, universalmente, se reconhece que o
autor foi contemporâneo de Esdras e Neemias, tendo escrito, mais ou
menos, em 458 ou 422 a.C. Sellin, sem dúvida, prefere datá-lo de mais ou
menos 470 a.C. As condições sociais retratadas são, indiscutivelmente,
do período persa. O Templo, que havia sido reedificado e consagrado em
516 a.C., estava de pé e a rotina dos sacrifícios havia continuado a
realizar-se, por muito tempo. Evidentemente, os edomitas estavam no
desterro, pois haviam sido expulsos de sua pátria, nas montanhas, pelos
nabateus, pouco depois da queda de Jerusalém, em 586 a.C. Sérios abusos
haviam acontecido na vida dos judeus. Os sacerdotes haviam se tornado
relaxados e degenerados. Sacrifícios defeituosos eram oferecidos sobre o
altar do Templo, com o povo se descuidando de entregar o dízimo. O
divórcio era comum, o pacto com Javé fora olvidado e o povo havia se
tornado céptico em relação à sua justiça, duvidando seriamente de sua
adoção como povo especial de Javé. Eram estas, como sabemos,
precisamente, as condições que prevaleciam, também, no tempo de Neemias
(Neemias 3:5; 5:1-13).
Na opinião de muitos, sem
dúvida, Malaquias não poderia ter profetizado enquanto Neemias oficiava
como governador. Porque em Ml 1:8 ele dá a entender que dádivas poderiam
ser oferecidas ao governador, enquanto Neemias nos diz que ele próprio
deixara de exigir os tributos oficiais (Neemias 5:15-18). Contudo, como
acertadamente observa Elmslie, “uma dádiva para conseguir o favor é
uma coisa bem distinta e, além disso, a referência não é pessoal nem
local, mas geral e puramente ilustrativa”. Os abusos atacados pelo
profeta correspondem, sem dúvida, aos que Neemias procurou corrigir em
sua segunda visita a Jerusalém, em 432 a.C. (Neemias 13:7 e seguintes).
O que Malaquias exorta o povo a
lembrar-se era da Lei de Moisés, a qual foi lida publicamente por
Esdras, no ano 444 a.C. e está em perfeito acordo com esta conclusão,
apesar do fato de que alguns, baseando-se na alegada publicação tardia
dessa lei, argumentam por uma data mais recente, anterior ao tempo de
Esdras (458 a.C.). Outros, até mais sensatamente, atribuem a origem do
livro ao período entre as visitas de Neemias a Jerusalém, em 445 e 432
a.C. Contudo, seja qual for a nossa conclusão quanto à exata posição do
livro, ele assinala uma época significativa da história religiosa de
Israel, durante o reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, o qual reinou de
465 a 425 a.C.
III O estilo do autor- A unidade
do livrinho de Malaquias (com apenas 55 versos) não se disputa. Ele se
contentou em escrever em prosa, mesmo sendo raras vezes prosaico. A
expressão “diz o Senhor do Exércitos” aparece 20 vezes. Seu Hebraico é
puro e comparativamente livre de “aramaicismos”. É difícil dizer se
alguma vez Malaquias pronunciou como sermões o conteúdo do seu livro. Em
todo o caso, os elementos substanciais que o compõem estão
estreitamente ligados entre si, sendo o livro a obra de um advogado
legal e de um racionalista moral, que tinha um plano definido e
detalhado para argumentar. Sem dúvida, o seu estilo é inferior ao de
alguns dos profetas de antes do cativeiro, mas, na certa, ele possui um
vigor e uma força raramente superados por eles. De vez em quando ele
revela uma imaginação profética digna dos seus antecessores. Também nele
há um ritmo e um paralelismo próprios (Ml 1:11;3:1,6,10; 4:1). Suas
figuras são sempre castiças e belas (Ml 1:6;3:2-3;4:1-3).
O método literário de Malaquias
era o dos escribas, fazendo e respondendo perguntas. A forma do seu
livro nos mostra que no seu tempo já não havia paciência com os
pregadores proféticos. Ele tem de recorrer ao argumento. Era o Sócrates
hebreu. Seu estilo era novo entre os judeus. É conhecido como método
didático - dialético. Primeiro ele faz uma carga de acusações. Logo
imagina que alguém faça uma objeção, a qual ele, em seguida, se dispõe a
refutar em seus detalhes, provando a verdade de sua proposição
original.
Encontram-se em seu livrinho sete
exemplos desse método peculiar de: a) afirmação, b) interrogação; c)
refutação. E a expressão “Mas vós dizeis” aparece 8 vezes (Ml
1:2,6,7;2:14,17;3:7,8,13), por exemplo:
1. - “Eu vos tenho amado, diz o
SENHOR. Mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não era Esaú irmão de
Jacó? disse o SENHOR; todavia amei a Jacó, e odiei a Esaú; e fiz dos
seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto”.
2. - “O filho honra o pai, e o servo o
seu senhor; se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou
senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos Exércitos a vós, ó
sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que nós temos
desprezado o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e dizeis:
Em que te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do SENHOR é
desprezível” (Ml 1:6,7).
3. - “Não
temos nós todos um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus? Por que
agimos aleivosamente cada um contra seu irmão, profanando a aliança de
nossos pais? Judá tem sido desleal, e abominação se cometeu em Israel e
em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele
ama, e se casou com a filha de deus estranho. O SENHOR destruirá das
tendas de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o
que apresenta uma oferta ao SENHOR dos Exércitos. Ainda fazeis isto
outra vez, cobrindo o altar do SENHOR de lágrimas, com choro e com
gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará
com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi
testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste
desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não
fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente
um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em
vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que
encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos;
portanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais” (Ml 2:10-16).
4. –
“Enfadais ao SENHOR com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o
enfadamos? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos
olhos do SENHOR, e desses é que ele se agrada, ou, onde está o Deus do
juízo?” (Ml 2:17).
5. - “Desde
os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os
guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o SENHOR
dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?” (Ml 3:7). Aqui Malaquias não perde tempo em responder, por causa da falta de sinceridade na pergunta deles.
6. - “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas”. (Ml 3:8)
7. – “As
vossas palavras foram agressivas para mim, diz o SENHOR; mas vós
dizeis: Que temos falado contra ti? Vós tendes dito: Inútil é servir a
Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e
em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” (Ml 3:13-14).
Esse estilo de controvérsia é
peculiarmente característico de Malaquias. Ele mostra claramente a
influência das escolas e está se encaminhando para o tribunal. Além
disso, o seu uso de “ainda” (Ml 1:13 e 2:13) que equivale ao nosso “em
primeiro lugar e “em segundo lugar”, é uma evidência adicional ao mesmo
efeito. Sem dúvida, apesar da uniformidade mecânica sob a qual ele
trabalha, e às abruptas transições que ele faz de um tema para outro,
suas profecias são cheias de vigor e força, aplicando verdades antigas
com uma originalidade e fervor singulares. Pode-se dizer que o seu livro
é o mais argumentativo de todas as profecias do Velho Testamento.
IV - Conteúdo do livro - Malaquias
começa com uma declaração clara e definida do tema principal do
profeta, isto é, que Javé ainda ama Israel (Ml 1:2-5) e termina com uma
palavra de fervorosa exortação para que o povo se recorde da Lei de
Moisés (Ml 4:4-6). O corpo do livro é composto de duas extensas
polêmicas:
1. - Contra os sacerdotes infiéis que se tornaram descuidados e indiferentes na realização dos cultos no santuário (Ml 1:6 a 2:9)
2. -
Contra o povo infiel que começa a duvidar, tanto do amor como da
providência de Deus (Ml 2:10 a 4:3). Há dois objetos especiais de sua
censura: a maneira indigna com que se observava o culto, do que eram os
sacerdotes mais culpados que os outros, e o de se separarem, sob
frívolos pretextos, das mulheres judias para se casarem com mulheres
pagãs. Por causa disso virá o juízo de Javé. À parte do título ou
sobrescrito (Ml 1:1), o livro compreende naturalmente as sete divisões
seguintes:
1. - Cap. 1:1-5 -
Em que o profeta mostra que Javé ainda ama Israel, porque a sorte de
Israel está em contraste muito acentuado à de Edom. Mesmo após ter sido
desterrado, Israel foi trazido de volta do cativeiro, tendo sido
disciplinado apenas temporariamente. Edom, ao contrário, foi
permanentemente expulso de suas montanhas e nunca mais voltará, ficando
desterrado irreparável e inexoravelmente.
2. - Caps 1:6 a 2:9 -
Uma denúncia contra os sacerdotes e levitas, que se tornaram relaxados
em seu ofício sacerdotal, indiferentes à lei, tendo olvidado o pacto com
Javé. Seria melhor fechar as portas do Templo, exclama o profeta, do
que oferecer semelhantes sacrifícios de maneira tão indiferente.
Malaquias prega o arrependimento com intensa seriedade.
3. - Cap. 2:10-16 -
Uma severa repreensão ao povo pela sua crassa idolatria e pelo
divórcio. Esta seção só pode ser interpretada como apenas metafórica,
referindo-se ao abandono de Israel da religião de sua juventude. Ao
contrário, é claro que o povo é repreendido por repudiar, literalmente,
suas próprias mulheres judias, a fim de contrair matrimônio com as
estrangeiras. Esses matrimônios, diz o profeta, não são apenas uma forma
de idolatria, mas também uma violação do desejo de Javé de conservar a
descendência digna do Senhor. (Ml 2:14-15).
4. - Caps. 2:17 a 3:6 -
Um anúncio do juízo vindouro. Os homens haviam chegado a duvidar
seriamente da existência de um Deus de justiça (Ml 2:17). O profeta
responde com uma linguagem messiânica de grande significação, dizendo
que o Senhor a quem o povo busca virá repentinamente em juízo, tanto
para purificar os filhos de Levi como para libertar a terra dos
pecadores em geral. Sem dúvida, pelo fato de que Javé não muda, os
filhos de Jacó serão todos consumidos (Ml 3:6).
5. - Cap. 3:7-12 -
No que o profeta se detém para dar outros exemplos dos pecados do povo é
que este tem deixado de entregar os seus dízimos e ofertas. Por isso
tem sofrido a seca, a locusta e a fome. Contudo, se voltarem a entregar
pontualmente as suas ofertas, a terra se tornará “uma terra deleitosa”.
6. - Caps. 3:13 a 4:3 –
Uma seção dirigida aos desconfiados da época do profeta. Em Ml 2:17,
eles perguntam: “Onde está o Deus do juízo?” Agora eles murmuram: “Inútil
é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus
preceitos, e em andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?”
Os maus prosperam, assim como os bons (Ml 3:14-15), porém o profeta
contesta que Javé conhece os seus e tem um memorial diante dele em favor
dos que o temem e dos que se lembram do seu Nome (Ml 3:16). É possível
que nisso tenhamos o germe da sinagoga dos tempos posteriores. Porque,
quando chegar o Dia do Juízo e os bons forem separados dos maus,
os que tiveram praticado iniqüidade serão exterminados. Entrementes,
sobre os que tiverem praticado a justiça e temido o nome de Javé,
“nascerá o sol da justiça”, trazendo eterna cura em suas asas.
7. - Cap. 4:4-6 -
Conclui com uma exortação a que se obedeça a Lei de Moisés, com a
promessa de que o Profeta Elias virá para convocá-los ao arrependimento
(visto como este nada pode fazer a não ser condenar). É uma confissão
tácita da parte de Malaquias de que ele está para cessar o seu ofício.
V - Avaliação da mensagem de Malaquias -
Sendo um ardente patriota, sua linguagem era, por conseguinte, clara e,
ao mesmo tempo, exigente. O seu primeiro objetivo quando à própria
época era o de animar um povo já desencorajado, o qual, como se presume,
estava decepcionado porque as predições otimistas de Ageu e Zacarias
sobre o reino messiânico não haviam se cumprido. Uma séria reação havia
começado, com homens começando a duvidar da providência de Deus. Uma
nova reforma se fazia necessária.
Por outro lado, o seu propósito
espiritual foi o de preparar o caminho para a vinda do Messias. Para
fazer isso, ele deu ênfase aos seguintes pontos principais:
1. - O verdadeiro valor do ritual (Ml
1:6 e seguintes). Tanto quanto Ageu Malaquias dá ênfase ao ritual - um
ritual honesto, aborrecendo um ritual comprometido de meia sinceridade.
Convoca o povo ao fervor religioso e insiste na pureza e sinceridade do
culto público. Os profetas antigos haviam denunciado a estrita adesão
ao ritual, quando este usurpava o lugar do culto espiritual e ético de
Javé. Porém as circunstâncias haviam mudado nos tempos de Malaquias e
foi necessário insistir na própria observância da lei cerimonial. Para
ele também a lei cerimonial não tinha valor em si mesma, a não ser
quando expressava devoção, reverência e obediência. O mero ritual era
pior do que qualquer culto e melhor do que as portas do Templo ficarem
fechadas: “Quem há também entre
vós que feche as portas por nada, e não acenda debalde o fogo do meu
altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem
aceitarei oferta da vossa mão. Mas desde o nascente do sol até ao poente
é grande entre os gentios o meu nome; e em todo o lugar se oferecerá ao
meu nome incenso, e uma oferta pura; porque o meu nome é grande entre
os gentios, diz o SENHOR dos Exércitos”. (Ml 1:10-11).
Esta passagem se interpreta com
freqüência como um reconhecimento da parte de Malaquias da sociedade
religiosa dos gentios e como um tributo ao verdadeiro e melhor da
religião pagã. Driver, por exemplo, usa isso como um texto ao pregar “A
Religião Comparada”. Otley também crê que ele indica uma forma de
devoção pagã, a qual Javé se inclina a aceitar. Porém a expressão “Meu
Nome” usada três vezes no versículo faz com que essa interpretação seja
altamente improvável. O ponto de vista de Malaquias é de preferência
este: os judeus da dispersão além dos limites da Palestina, espalhados
em todas as partes do mundo pagão, onde quer que existam colônias
judaicas, (nessa época havia uma em Elefantina, no Alto Egito), trazem
sacrifícios a Javé, os quais, como expressão de culto honesto,
envergonham o culto de meia sinceridade e de nenhum valor dos sacerdotes
indiferentes de Jerusalém. Como observa J. M. P. Smith: “É muito
evidente que o autor desta profecia havia participado das opiniões dos
colonos quanto à legitimidade do culto sacrifical em solo estrangeiro e
tenha pensado, ao escrever, em santuários tais como o de Elefantina”. Malaquias não era um mero formalista.
2. - O crime do divórcio -
(Ml 2:10 e seguintes) - Para ele o divórcio sem razão era um pecado
contra o amor de Javé e um crime contra a fraternidade humana. Ele
significava uma violência ao pacto sagrado com Deus, envolvendo a
idolatria. Era uma traição à mulher de sua mocidade, destinada ao
fracasso, por destruir a santidade do lar e o propósito divino de ser
assegurada uma “descendência para Deus”. O ápice do argumento do profeta
se encontra em Ml 2:15: “E não
fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente
um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em
vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade”.
Nesse caso, Malaquias era um cristão em matéria de divórcio. Ninguém
disse uma palavra mais elevada nesse sentido, além do próprio Senhor
Jesus Cristo.
3. - A Vinda do Messias e o seu Reino -
(Ml 3:1 e seguintes) - O ensino messiânico de Malaquias é muito
resumido. O estabelecimento do Reino de Deus será precedido pelo Dia do Senhor, ocasião de purificar a refinar. O próprio Senhor vai inaugurá-lo: “EIS
que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e
de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o
mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o
SENHOR dos Exércitos” (Ml 3:1).
Esse notável anúncio messiânico
foi causado pelas dúvidas do povo - se Javé ainda era um Deus de justiça
(Ml 2:17). O profeta lhe apresenta uma nova “teodicéia”, a qual não
chega a ser nova, visto como Isaías já havia ensinado a doutrina do
“remanescente fiel”. O Dia do Senhor de Joel foi adiado, dilação
completamente devida ao amor de Javé. Ele ainda se dignará de enviar
Elias, o grande advogado da decisão religiosa, a fim de sanar as
dissensões na nação, antes que venha Aquele que é grande e terrível (Ml
4:6). A garantia aqui oferecida - de que estava para surgir uma Idade
Áurea - deve ter animado sobremodo os decaídos e a fé vacilante do povo
judeu.
Malaquias acreditava muito
firmemente que em seu devido tempo viria o Libertador Divino. Por isso
ele insiste veementemente com o povo para que este creia em seu próprio
futuro. O caráter especial das passagens de Ml 3:14 e 4:2 é formoso.
4. - A disciplina eterna da lei -
(Ml 4:4-6) - Finalmente Malaquias dá ênfase à necessidade da guarda da
Lei de Moisés. Antes ele havia repreendido os sacerdotes em sua
profecia, os quais eram guardiões e expositores da lei, por haver
observado como muitos tropeçaram (Ml 2:7-8). Também havia admoestado o
povo, dizendo-lhe que a obediência à lei é o único meio seguro de se
alcançar a bênção, afirmando, com ênfase quase dramática, que a razão da
maldição trazida à nação fora que o povo havia esquecido de guardar a
lei (Ml 2:17; 3:12). É mais que evidente que o povo já começava a
sentir o efeito de sua familiaridade mais íntima com as nações que
estavam ao redor. Cada dia ele observava mais os antigos ritos e
crenças. Malaquias contrabalançava essa tendência, examinando a Lei de
Moisés, que havia sido a verdadeira causa da fortaleza nacional. Ele não
era um criador, mas sabia como conservar a herança espiritual do
passado. Entender a lei é fácil. Apreciá-la é uma tarefa bem mais
difícil. Malaquias pensava, assim como o próprio Cristo, que nem um
jota nem um til deveria ser esquecido.
“The Tweve Minor Prophets”, George L. Robinson
Publicado por George H. Doran Co, New York, 1926
Traduzido por Mary Schultze, março/abril 2004
Citações bíblicas da Bíblia Revisada FIEL de Almeida
por que somente um? Ele buscava
uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e
ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade”.
Nesse caso, Malaquias era um cristão em matéria de divórcio. Ninguém
disse uma palavra mais elevada nesse sentido, além do próprio Senhor
Jesus Cristo.
3. - A Vinda do Messias e o seu Reino -
(Ml 3:1 e seguintes) - O ensino messiânico de Malaquias é muito
resumido. O estabelecimento do Reino de Deus será precedido pelo Dia do Senhor, ocasião de purificar a refinar. O próprio Senhor vai inaugurá-lo: “EIS
que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim; e
de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais; e o
mensageiro da aliança, a quem vós desejais, eis que ele vem, diz o
SENHOR dos Exércitos” (Ml 3:1).
Esse notável anúncio messiânico
foi causado pelas dúvidas do povo - se Javé ainda era um Deus de justiça
(Ml 2:17). O profeta lhe apresenta uma nova “teodicéia”, a qual não
chega a ser nova, visto como Isaías já havia ensinado a doutrina do
“remanescente fiel”. O Dia do Senhor de Joel foi adiado, dilação
completamente devida ao amor de Javé. Ele ainda se dignará de enviar
Elias, o grande advogado da decisão religiosa, a fim de sanar as
dissensões na nação, antes que venha Aquele que é grande e terrível (Ml
4:6). A garantia aqui oferecida - de que estava para surgir uma Idade
Áurea - deve ter animado sobremodo os decaídos e a fé vacilante do povo
judeu.
Malaquias acreditava muito
firmemente que em seu devido tempo viria o Libertador Divino. Por isso
ele insiste veementemente com o povo para que este creia em seu próprio
futuro. O caráter especial das passagens de Ml 3:14 e 4:2 é formoso.
4. - A disciplina eterna da lei -
(Ml 4:4-6) - Finalmente Malaquias dá ênfase à necessidade da guarda da
Lei de Moisés. Antes ele havia repreendido os sacerdotes em sua
profecia, os quais eram guardiões e expositores da lei, por haver
observado como muitos tropeçaram (Ml 2:7-8). Também havia admoestado o
povo, dizendo-lhe que a obediência à lei é o único meio seguro de se
alcançar a bênção, afirmando, com ênfase quase dramática, que a razão da
maldição trazida à nação fora que o povo havia esquecido de guardar a
lei (Ml 2:17; 3:12). É mais que evidente que o povo já começava a
sentir o efeito de sua familiaridade mais íntima com as nações que
estavam ao redor. Cada dia ele observava mais os antigos ritos e
crenças. Malaquias contrabalançava essa tendência, examinando a Lei de
Moisés, que havia sido a verdadeira causa da fortaleza nacional. Ele não
era um criador, mas sabia como conservar a herança espiritual do
passado. Entender a lei é fácil. Apreciá-la é uma tarefa bem mais
difícil. Malaquias pensava, assim como o próprio Cristo, que nem um
jota nem um til deveria ser esquecido.
“The Tweve Minor Prophets”, George L. Robinson
Publicado por George H. Doran Co, New York, 1926
Traduzido por Mary Schultze, março/abril 2004
Citações bíblicas da Bíblia Revisada FIEL de Almeida
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